Estudos têm mostrado que o bruxismo também pode ser protetivo, ou seja ele é executado para diminuir um dano causado por um outro problema. Exemplo, pessoas com refluxo gastroesofágico, apresentam um retorno da acidez do estômago para a cavidade bucal e isso pode causar desgastes por corrosão na superfície do dente. Este fato torna-se ainda mais danoso durante o sono pois quando dormimos o fluxo salivar está diminuído o que facilita a ação dos ácidos. Ao ranger os dentes, há o estímulo da produção da saliva que auxilia na proteção dos dentes. Outro exemplo seriam os indivíduos com apnéia que tendem a fazer movimento de anteriorização da mandíbula para facilitar o fluxo respiratório, por isso nesses dois exemplos citados o bruxismo é considerado um hábito protetor, contudo é importante lembrar que apesar dele trazer um benefício ele continuará causando alterações e por isso é necessário encontrar uma forma de evitar ou diminuir os danos.
O diagnóstico do Bruxismo pode ser feito por métodos não instrumentais (auto relatos e exames clínicos) e instrumentais (polissonografia com eletromiografia).
Métodos instrumentais
Constituem o padrão ouro para análise. Seriam estudos polissonográficos associados a eletromiografia. Isso permite avaliar a qualidade do sono e monitorar toda atividade muscular, além da saturação (qualidade respiratória). Talvez o maior problema seja o fato do indivíduo estar fora do seu ambiente familiar o que não deixa de comprometer o sono, contudo ainda é a melhor forma de análise. Já existem no mercado aparelhos portáteis que são capazes de avaliar o sono e atividade muscular contudo sua confiabilidade é inferior às avaliações feitas nos centros de estudo do sono.
Segundo um consenso de estudiosos do assunto realizado em 2021, definiu-se em relação ao diagnóstico que :
DIAGNÓSTICO DO BRUXISMO | |
POSSÍVEL BRUXISMO | Se o auto relato é positivo |
PROVÁVEL BRUXISMO | se a inspeção clínica é positiva independente do auto relato ser ou não positivo |
COMPROVADO BRUXISMO | se a avaliação instrumental é positiva, com ou sem avaliação clínica positiva |
Não há tratamento para o bruxismo porque ainda não se sabe a causa. O que está bem estabelecido é que fatores psicológicos e ou emocionais como estresse, ansiedade, depressão, frequentemente estão associados. Assim usa-se de meios educativos no sentido de orientar e conscientizar o indivíduo bruxista; colaboração de psicólogos quando fatores emocionais estão presentes; uso de aplicativos que ficam lembrando o bruxista diurno para não apertar os dentes; aparelhos de proteção noturna podem ser indicadas para evitar o desgaste dos dentes; uso da toxina botulínica para diminuir a potência muscular, contudo é importante ressaltar que há discordância na literatura quanto ao uso da toxina.
Redigido em 03/02/2022
Dra. Adriana Malheiros
CRO-MA 1254
Referências:
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